quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mas que Rica Fava!


Um dia

Um dia, vais conhecer a pessoa da tua vida. Vai ser por acaso, por acidente, por um instinto que reconhecerás mais tarde como desígnio, mas que sempre se afigurou casual. Ouvirás dela as palavras certas, como se te lesse os pensamentos e soubesse que era precisamente o que querias ouvir, ao ponto de te questionares se não será perfeito demais e se poderá ser assim tão como tu és. (...) Ela vai fazer-te pensar e repensar a tua vida e vai fazer-te dizer mais do que estavas disposta a admitir que sequer sentias. E não te assustes, filha, tudo isto poderá acontecer quando já tiveres conhecido a pessoa da tua vida.

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O suposto tédio

Gosto de ler os outros, sobre o que escrevem, aquilo que pensam, que defendem, que atacam, que os escandaliza ou preocupa, que os realiza. Ler o que outros escrevem é como observar um cenário que, de repente, pára para nós. Por isso gosto de ler toda a gente: os que me irritam, os que se revelam muito sensíveis, os inteligentes, os politicamente correctos, os espalhafatosos, os reservados, os interessantes, os obscuros, os indecifráveis e os transparentes. (...) Ando farta da informação empacotada, que veícula igual em todo o lado, que nos é imposta e vem pronta-a-consumir, sem questionar. Não me apetece ler líderes de opinião e supostas figuras da praça pública, da política, do desporto, dos sindicatos, das instituições ambientais cujos porta-voz degradam o ambiente tanto como eu. Apetece-me gente normal, que fale do quotidiano, que escreva sobre nada, sobre pequenos nadas. Apetece-me ir para o terminal do aeroporto, congelar cenários e olhar demoradamente para as pessoas.

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Heterogéneo


2 comentários:

Espiral disse...

Fiquei fá =)

Anónimo disse...

Muito, muito bom. Já sigo.