Da chinfrineira das salas de cinema

As salas de cinema tornaram-se um zoo . Parece que tenho a sensação de que antes não era assim. Haver explosões de telemóveis a toda a hora, não ajuda nada e parece-me extremamente perigoso. As pipocas antes não faziam o barulho ao serem mastigadas. Hoje é um chinfrim. Culpo a caramelização cada vez mais eficaz da pipoca o que a torna demasiado estaladiça. Ouvir as pessoas sorver refrigerantes também se tornou coisa para enxaqueca, mas isso eu acho que é das palhinhas serem demasiado compridas e largas. Antes pessoas preocupavam-se com o próximo, iam à missa, iam à catequese, rezavam o terço, faziam voluntariado. Hoje não. Hoje vão para os cinemas comer, beber e falar, rir.  Vão para lá divertir-se. Um horror! Eu deixei de ir a sessões da noite precisamente por isso. A boa disposição dos outros deixava-me sempre irritada. Pareciam animaizinhos loucos, alucinados, histéricos que fugiram das jaulas e que vinham para ali dar largas à sua loucura.  Saltavam cadeiras, jogavam à macaca, atiravam aviões de papel. Neste momento,  fico aterrorizada com salas cheias, e, por isso, opto quase sempre pelas sessões das 7h da manhã, o mais tardar às das 10 horas.  É chato porque não me dá muito tempo para passar as placas  alisadoras de cerâmica pelo cabelo, mas não faz mal.  Há dias tive de me levantar e ir mandar calar quatro adolescentes irritantes que riam estridentemente. Foi horrível! Empunharam umas espadas luminosas, que eu não faço ideia de onde as desencantaram e desataram a correr atrás de mim aos gritos, "Darth Vader! Darth Vader!", filas acima, filas abaixo.  Este tipo de atitude deixou-me muito triste, para além de que fiquei toda despenteada.